segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Acordada de um sonho intranquilo, conversou com sua mãe que já era hora de enviar a ele uma carta. Não gostou do sentimento impreciso que lhe tomou o sono na noite anterior e não saberia, jamais, conviver com algo tão mesquinho, especialmente para com alguém a quem um dia amou.

Sabia da rudeza de suas últimas palavras e, por isso, resolveu escrever-lhe:

Caro amigo,

É de coração aberto que te chamo assim. Sei que, por um tempo, muito tempo, não fomos amigos; apenas conhecidos. Todavia também sei que fomos companheiros e companheiros como nós, tão cúmplices de nós mesmos, não se encontram facilmente por aí.

Desculpe se fui rude ao te agradecer o teu desprezo, mas temia que minha mais humana alegria fosse inibida por mais um sorriso teu. Os teus sorrisos, bem sabes, não foram, nos últimos meses, aqueles pelos quais eu teria dado o meu reino para ver.

Senti-me triste por não ter visto, em tuas últimas palavras, a tristeza que senti quando nosso "nós" chegou ao fim. Hoje, porém, a decepção já se perdeu em meio às tantas boas lembranças que "o menino dela" deixou em mim. E também se foi porque sei que, em ti, "a menina dele" ainda existe, da forma como costumava ser: tua, somente tua, de mais ninguém. Ele dela e ela dele são o melhor de ti em mim; de mim, em ti.

Eu quis poder-te dizer tudo pessoalmente, mas esse teu mundo tão novo não me permitiu. E agora o meu mundo novo adiará, para talvez nunca mais, o reencontro.

Escrevo-te não para te dizer que perdoei.
Se isso te dissesse, hoje, não estaria mentindo ou agindo de má fé, mas tenho a certeza de que o meu coração, tão errôneo e tão mesquinho, lembraria, no futuro, que não era ainda capaz de perdoar e te diria, sem dó nem piedade, o quanto sofreu por ti. Não te posso desculpar, mas já não te vejo maculado, apenas equivocado na escolha que fizeste, ao dizer-me que te querias para sempre meu.

Não te peço respostas, mas não porque as tema. Peço-te somente que, se um dia pensares em te dirigires a mim, não tentes escolher bem as palavras, pois, longe de mim, estás destreinado e não me quererás magoar mais, assim.

Feliz 2010.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Feito e passado. Era assim que tinha de ser.

Segundo Caio Fernando Abreu, "As cidades, como as pessoas ocasionais e os apartamentos alugados, foram feitas para serem abandonadas."


Agora ela revê valores e sabe que abandonos, às vezes, são mesmo pro bem.

domingo, 20 de dezembro de 2009

A saudade já começa a bater, mas a ansiedade em receber os queridos em Belo Horizonte já me toma por inteiro.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Se Deus realmente existe, não tenho dúvida de que escreve certo, por linhas tortas.

Vocês têm acompanhado, neste blog, desde o dia 15 de outubro, a primeira grande decepção da minha vida. Talvez não tenha sido a maior, mas a primeira das grandes.

Vinha pensando, desde setembro, nos versos de uma música pouco sutil de Alanis Morissette:
'Cause the love that you gave, that we made
Wasn't able to make it enough
For you to be open wide

(You oughta know)
Sofri, inúmeras vezes, ao pensar que eu não era suficiente. Isso é muito triste. Podem ter certeza.

Sempre respeitei, porém, a nossa pouca idade, mesmo não tendo sido eu a primeira pessoa a plantar, na cabeça do outro, a ideia destruída com tamanha frieza e falta de consideração. E, por esse respeito aos seus "só 25 anos", deixei que a vida seguisse. (Estará mentindo quem disser que não.)

Como disse em Bonjour tristesse, esperaria o tempo necessário, por amor. Mas aí, outros versos de outra música tão clichê me vinham à lembrança: "Well I guess I'm not that good anymore / But babe that's just me" (Always, Bon Jovi). Sempre não-boa o bastante. Sempre.

Isso quase me consumiu, mas estar perto dos que amo e me amam foi mesmo basal.

E hoje estou aqui, por isto: Resultado FINAL - Mestrado em Linguística - PUC-MG.

Na tentativa pura e simples de fugir de Recife, acabei por encontrar caminhos que talvez não conseguisse, quando disposta a esperar. Se já valeria a experiência de ter ido a Belo Horizonte e ter-me permitido tentar, vale muito mais agora, por ter ido, conseguido e, melhor, em 1º lugar.

E, pra encerrar esta postagem, talvez a melhor tradução:

Chorei, não consegui esconder, todos viram.
Fingiram pena de mim, não precisava.

Ali onde eu chorei, qualquer um chorava.
Dar a volta por cima, MEU BEM, quero ver quem dava!

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Em algumas horas, deixarei Belo Horizonte.
Levo na mala dois vestidos novos e um monte de expectativa.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Chegou ao fim a última etapa. A entrevista, em si, não posso dizer que foi um sucesso, mas digo porque, antes de fazer a primeira pergunta, um dos professores comentou:

- Bom, Ana, nós gostaríamos de comentar sobre a sua prova. Aquela questão sobre a linha de pesquisa que você escolheu foi muito boa. Muito bem articulada. Muito mesmo. Parabéns.

- Obrigada, professor!

*O detalhe é que esse professor é um dos autores do texto de referência para responder à questão. Ou seja: agradei ao autor nas considerações que fiz.

Bem, depois eles fizeram algumas perguntas e, até onde pude perceber, havia neles um riso no olhar, de satisfação. (Mas também pode ser que eu quisesse isso e, por isso, assim vi.)

No geral, acho que estou no páreo.
Pensamento positivo, claro, mas sem criar grandes expectativas. Afinal, só o fato de ter chegado até aqui, depois de setembro e outubro tão difíceis, já valeu a pena.

**Deixei de lado a modéstia nesta postagem, porque eu estou merecendo.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

E não é que estou voltando a Belo Horizonte depois de amanhã? :)
Última etapa: entrevista.

Agora, sim, coração na mão.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Como tenho dito, não vem sendo fácil cortar vínculos. O próprio dicionário diz: vínculo é laço, é nó. E, aí, meus amigos, haja determinação para superar esses desatamentos. Alguns têm sido bem dolorosos, mas necessários, como bem sabem.

Por outro lado, enquanto desfaço uns laços, reencontro e encontro outros braços.

O último final de semana foi imprescindível para eu perceber quanto mundo ainda tem nesse Brasil de "meu deus!".

Agora é esperar o resultado, que já entreguei a Papai Noel.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Procura-se um romance.
Não desses que, pelo espelho, a gente vê na distância se perder.

Procura-se um romance de telefone.
De cinema. De cerveja. De sorvete.

Procura-se não um novo amor.
Mas deixo que esse me procure depois.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

6h10 da manhã, ainda trabalhando.
A lembrança do cheiro dele invadiu a casa.

Apertou o coração.
Fechei os livros.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

E, se a felicidade transborda, como a gente faz?
Deixa transbordar? :)

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Saiu no Jornal do Commercio, ó!
Por isso, agora, só quero saber deste presente que bate todo dia à minha porta, me chamando pra viver.

*Adoro*

Uma aposta no futuro
Publicado em 08.11.2009

Desisti de contar, faltam dedos para enumerar, os casais que conheço e que se separaram, temporariamente, com a melhor das intenções. Para, logo em seguida, se separarem com a pior das intenções: nunca mais querer estar. São casais que resolveram se distanciar ao aceitar trabalhos em outros Estados, estudos em outros países, mais grana em outras cidades, grandes sonhos em novas capitais. Um “vou ali e volto já em nome de nós dois”. Que melhor intenção pode existir do que aquela que pretende apostar no futuro? Quem há de esbravejar contra o futuro? É o futuro, afinal, que nos faz construir, que nos impede de cortejar o abismo das atitudes momentaneamente sedutoras, porém vazias.

Quando vivemos permanentemente num suposto tempo futuro aguentamos os maiores desaforos do tempo presente. Tudo em nome da promessa de “casinha feliz para sempre num futuro não muito distante”. Infelizmente, os casais que assim pensaram – salvo raras exceções – não contaram com a astúcia e a flexibilidade dessa variável chamada tempo e, é verdade, foram muito mais corajosos (ou seria, otimistas?) do que manda o manual pelo qual parece se guiar a vida real.

Não é um manual muito inteligente esse que rege as coisas do coração. É, antes, um amontoado de clichês, uma espécie de sabedoria oral, repetitiva e certeira, que é transmitida pelas nossas avós às nossas mães e que nós, na típica ousadia daqueles para quem o presente parece ser um futuro permanente, ousamos desafiar. “O amor não tolera a distância”, diz uma dessas regras de ouro. A verdade contida nesse enunciado está no fato de que toda ausência é atrevida em sua coragem de subsistir sem o outro, na sua empáfia de chope sozinho em mesa de bar. A distância é uma senhora mentirosa, ela zomba de nós acenando com tudo e não nos dando nada do que prometeu. E a distância não é apenas geográfica, ela é também representada pelos planos de vida que tomaram direções opostas.

Vi casais maravilhosos se separarem pela simples não observância dessa sabedoria popular: para eles, não deveria existir um futuro que não o agora vivido intensamente. Casais que se separam para construir um futuro-mais-que-perfeito normalmente naufragam antes da chegada ao indefinível porto seguro. E quando, por acaso, lá chegam, veem que é apenas uma escala antes da próxima viagem. E o motivo é muito simples: o tempo porvir é uma mera abstração, que não podemos balancear tal e qual um orçamento doméstico. Ele será o que será.

O futuro, nessa perspectiva, passa a ser quase um filho pra gente. Acalentamos ele junto ao peito, nutrimos e esperamos que ele cresça para nos resguardar mais adiante. Ficamos tão desapontados quando ele nos joga no asilo dos relacionamentos fracassados.

Há casais que não se amam mais e amargam um vida inteira juntos esperando o futuro de uma velhice sem emoções. Para eles, o vale-seguro que está em jogo é a garantia de que alguém há de querê-los quando nenhuma outra explicação racional (e material) assim justificar. Quando uma das partes quebra o contrato tácito é rotulado como “ingrato”. Devíamos escrever esta cláusula logo de uma vez.

Há casais que se amam muito, mas topam a separação – momentânea – para garantir a mesma fantasia com base no futuro, só que com hipotético final feliz. O futuro passa a ser uma terceira pessoa entre o casal. Personagem que, diga-se de passagem, não existia quando o casal era puro desejo adolescente de apenas “querer respirar o mesmo ar que o outro”. A ansiedade pelo futuro chega com o casamento, os filhos, a responsabilidade, a obrigação de apostar no que não é efêmero. Como se efêmeros não fôssemos todos nós, por definição. Eu vi o desamparo no olhar desses casais, reféns de sua própria decisão. Ao apostar no futuro, deixaram de jogar seus dados no presente. Trágica e fatalistamente perderam, justamente, o futuro, essa coisa que pode existir ou não.

Disponível em: http://jc3.uol.com.br/jornal/2009/11/08/col_35.php
Acesso em: 25/11/2009, às 23h31

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Ela quis que o mundo soubesse o quanto sofria.
Não se deixou solitária nem por um segundo, para que sequer a menor angústia lhe ocupasse um neurônio em pensamento.

E foi, ao dividir tanta amargura, que encontrou um bem-querer. Alguém que lhe mostrou ser possível subir num ônibus com calor e descer com uma nova e fugaz paixão.

A partir de agora, consciente de toda efemeridade de todos nós, por essência, ela faz saber: não seja imortal, posto que é chama, mas que seja fullgás enquanto dure.

domingo, 22 de novembro de 2009

Quem lembra aquela propaganda em que dois fetos conversavam:
- Será que existe vida após o parto?
- Hmmmm... não sei! Nunca ninguém voltou pra contar.

Quem lembra?

Sempre me perguntei por que a preocupação de muitos humanos é saber se há vida após a morte. A isso não posso responder, pois não morri ainda (!). Aliás, isso aqui é para dizer que eu descobri que há vida, sim, após muitas coisas.

E eu estou viva.

Obrigada! :*

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Quem foi mesmo que disse que a fila do lado sempre anda mais rápido? :)

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Agora invadem o peito aquele desejo e aquela dúvida adolescentes. Esse friozinho na barriga, de quem esqueceu a timidez diante do novo, pula pelos poros e dá a tudo isso um sabor especial.

A sensação é ambígua, como eu, mas nada mais adequado que os duplos sentidos para, naquele lugar-tão-comum, "acender um coração".

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Então eu te disse que o que me doíam eram essas esperas, esses chamados que não vinham e, quando vinham, sempre e nunca traziam a palavra e, às vezes, nem a pessoa exata. E que eu me recriminava por estar sempre esperando que nada fosse como eu esperava, ainda que soubesse.

Caio Fernando Abreu

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Agora ele saiu de cena, para outro alguém poder entrar.

A decisão não foi assim tão fácil, mas me deixou mais leve e, provavelmente, mais livre para deixar ocuparem o espaço que começa a ficar disponível mais uma vez.

domingo, 15 de novembro de 2009

Minha querida Maga (vulgo Rebeca) me disse, há pouco, que não iria para esse show nem que lhe pagassem. Paguei somente R$ 5,00 e fui. Ainda bem, porque não tenho tido o direito de negar diversão com os amigos mais queridos (se é que algum dia eu tive).

Mais uma vez, mesmo nas músicas poeticamente menos interessantes, os versos se destacaram e desmitificaram alguns sentimentos pouco agradáveis.

Primeiro, Os Paralamas do Sucesso, com a imagem vitoriosa de Herbert Vianna e todo aquele som que nos faz lembrar bons e velhos tempos.

Depois, aí sim, Skank, para me fazer lembrar que "bem mais que o tempo que nós perdemos, ficou pra trás também o que nos juntou." Só que, agora, não espero mais resposta.

*Show de Os Paralamas do Sucesso e Skank, no Chevrolet Hall, sexta-feira (13/11).

sábado, 14 de novembro de 2009

Eu quis tanto ser a tua paz, quis tanto que você fosse o meu encontro. Quis tanto dar, tanto receber. Quis precisar, sem exigências. E, sem solicitações, aceitar o que me era dado. Sem ir além, compreende? Não queria pedir mais do que você tinha, assim como eu não daria mais do que dispunha, por limitação humana. Mas o que tinha, era seu.

Caio Fernando Abreu

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Nesse clima recente de Halloween, pensei que as pessoas deveriam ter batido à minha porta perguntando "Dura ou caroável?". Teria sido mais digno do que entrar rasgando tudo, como se aqui dentro fosse terra-de-ninguém.

Depois, ainda deixam os doces espalhados pela casa e pelo caminho, lembrando-me que, de certa forma, eles existem à custa de parte do meu sofrimento.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Ali, indelicadeza é 3 por 1.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Você já dormiu tendo uma pessoa com saúde e acordou, na manhã seguinte, com a notícia de que aquela pessoa não mais estava com você? Já teve alguém arrancado de seu convívio de forma repentina, inexplicada, de aparência injusta?

Eu sim.
Ele nunca.

De início, dói.
Depois, pouco depois, a dor física se abre num imenso vazio, como se, ao dormir, tivessem-lhe aberto a caixa do peito e de lá tirassem um pedaço seu. Sobra o nada e o nada não dói. É (só) ausência.

A sensação era essa, até ontem, porque sempre sobra, nos primeiros dias (meses), a esperança de acordar de um sonho ruim. Mas aí vem novamente o egoísmo e destrói as poucas esperanças restantes.

Não houve promessa, desta vez, mas a expectativa foi criada e, claro, frustrada. Esperei por nada, por ninguém. Por não ter querido arriscar que um desencontro fosse por culpa minha, me permiti mais uma espera, mais curta, mas não menos dolorosa.

Só que hoje acordei com sorte, pensei, pois, só de imaginar as tão usuais palavras ao vento e os descompromissos para comigo que ainda viriam...


É isso. Somente agora, um mês, sentimentos brandos. Planos. Alvos. Perspectivas.

Agradeço o descaso, o egoísmo, a imaturidade. Não fossem eles, talvez eu me quisesse prender a você para sempre.

Então adeus, adeus para sempre, roseira!

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Hoje foi um dia de matar saudades e de dar cabimento a novas. Muita felicidade embaixo do telhado de vidro.

Daquele lado, a vibração certa dos corações indiscutivelmente orgulhosos.

De outro, saudades do que já morreu e continua a ser morto com requintes de crueldade.
De tanto dizer-lhe em pensamento, ela ficou sem ter o que dizer.

domingo, 8 de novembro de 2009

Eles finalmente se cruzaram.
Ela pensou, por muito tempo, no que lhe diria quando isso acontecesse. Ele, provavelmente, fez o mesmo.

Trocaram olhares e, com esse mesmo olhar, fingiram não se terem visto.

Ele dobrou na primeira esquina, como de costume.
Ela continuou em frente, mas tornou a pensar no que diria quando tudo acontecesse novamente.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Quem tem um amor, ainda mais correspondido, tem sorte.
Já comentei com alguns que, quando tinha 12 anos e me apaixonei por um colega da escola, achei que a correspondência no amor era algo absolutamente difícil, pois "por que, com tantas pessoas no mundo, o alguém de quem gosto irá gostar justamente de mim?". Não entendia o lance da conquista, da sedução diária, do carinho e do respeito que se constroem principalmente nos olhares, nos silêncios.

Posteriormente, tive, sim, amores correspondidos. Alguns me foram oferecidos, mas eu, na minha cabeça de 15 anos, pensei que muitos outros apareceriam e não valia a pena me prender a nenhum.

Hoje, 8 anos depois, percebo o quanto é bom não ter um, mas váááááááários. Vários corações que te respeitam e fazem questão da tua companhia. Corações que, na ausência de um dia, no outro correm ao te ver na escada e te perguntam: "Mas hoje a gente tem aula, né?".

Então, por mais estressante que às vezes seja, não há nada melhor, nesse momento, do que contar com a espontaneidade de verdadeiros meninos, cujas purezas e malícias ingênuas completam o vazio deixado no meu peito. Até porque doer, mesmo, não dói. Mas o nada é sempre mais conflitante e, por isso, de aparência mais dolorosa.




quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Na noite anterior, da varanda, ela se viu surgir no horizonte sobre a Sé. Há tempos não se via daquela forma, mas não pôde deixar de se perguntar: quantos nomes mais ela terá, daqui pra frente?

Mas o importante, naquele momento, é que ela estava cheinha, cheinha. Pedindo, implorando, chamando toda a atenção do mundo para que olhassem para ela.

Se mais alguém notou, não se sabe. No entanto, de pouco adianta, pois ela continuará vagando soberana, no céu, no imaginário e nas lembranças daquele que um dia quis chamá-la assim.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Quando as palavras começam a faltar, significa que os sentimentos também. Aliás, abre-se espaço para novos sentimentos.

O que sinto hoje é, talvez, algo antigo. Mas é uma pena não poder verbalizar, porque, nesses casos, um sonho que se sonha em conjunto não é, necessariamente, realidade.

Fico com ele, então, por enquanto, só pra mim.
Mas só por enquanto.

domingo, 1 de novembro de 2009

Vestido: R$ 175,00 com VISA.
Ingresso para Oktoberfest: R$ 25,00 com o dinheiro da mamãe.
Perder 8kg, passar a noite com os amigos e reviver meus 15-17 anos: definitivamente, não tem preço.


No entanto, assistir a Péricles Chamusca escalar e substituir um time com muitas falhas foi estupidamente caro.

Em vez de Arce, manteve Wilson.
Em vez de Fabiano, tirou Luciano Henrique.
Em vez de Fabiano, Hamilton para dar lugar a Ciro.

Apesar do gol, Wilson tem sido um cheira-bola de primeira e Fabiano é sempre uma promessa para bolas alçadas na área. Só promessa.

Mas é isto: enquanto as barbies se animam com uma vitória sobre o arquirrival, fico com a certeza de que seremos como bichos-papões, vindo puxar o pé delas a cada uma dessas últimas rodadas.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

A campainha tocou e ela foi abrir a porta.
O carteiro trazia consigo uma mensagem de alguém há pouco distante, que lhe falava, agora, para aliviar-se (talvez) de uma culpa.

O bilhete não trazia uma pergunta, mas pedia, não secretamente, por uma resposta. Ela não tinha. E, por não tê-la, resolveu calar-se, mais uma vez, para que a escolha das palavras certas não machucasse de vez o que tinha de mais seu.

Na mensagem, um perdão imperdoável, um alívio pretensioso das memórias que ficarão, por ele, esquecidas em um canto qualquer.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

O telefone tocou. Ela não esperava.
Do outro lado da linha:

- Filme, pipoca e guaraná?

A 100m dali, além daquilo para que fora convidada, imaginou apenas as lágrimas que viriam dos risos e, talvez, do coração. Ledo engano!

Nem filme, nem pipoca, nem guaraná. Nem lágrimas.
Um novo convite. Convite feito, convite aceito.

Já andava desacostumada aos segredos e às revelações da noite: a adrenalina dos ritmos e aquele verso que fez estender-se-lhe a mão.

Hesitou. Hesitaria quantas vezes fossem necessárias, mas alguém lhe fizera o favor de lembrar: agora, a escolha era dela. Somente dela.

Seduzida por aquele entusiasmo, aceitou. Ainda bem.

Na madrugada, feliz, dormiu com todas as possibilidades há muito olvidadas e que não lhe existiam na manhã anterior.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Despedida

Num canto qualquer,
tudo é esquecimento.
Dos sonhos,
as estrelas distantes,
adormecidas.
Janelas sem cor,
caminhos ausentes,
páginas órfãs,
versos perdidos...
Despedida...
mãos que partem,
que deixam uma história
de horas em segundos.

(Verônica Sá)

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Uns choram calados; outros, em público.
Uns, copiosamente; outros apenas lacrimejam.
Prefiro as palavras.

Palavras-caminho, estrelas, precipícios.

Prefiro-as não por serem o que são, mas o que somos.
Prefiro-as por dizerem o indizível.
E, mesmo quando de sua inexistência, vêm as vírgulas e os pontos para dizerem o que precisamos, o que queremos calar.

Por isso, meus amigos, escrevo.
Faço porque, como disse o Rei, as cicatrizes falam. (E alto!)
Meu choro não cala, apenas consente.

Prefiro, então, as palavras, porque calam o que eu não me esqueci.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Tudo começa a melhorar. Definitivamente.
Melhora porque o tempo passa, porque as pessoas mudam, porque eu continuo a mesma e sei de mim, por ora, o suficiente.

Como disse uma tia, felizmente tenho, em mim, o humor, a capacidade de rir, em pouco tempo, de tudo isso. E rio! :)

Nós rimos.

E,

Caro Anônimo,
Desculpe apagar o comentário, mas saiba de uma coisa: as vidas estão seguindo. Não combina comigo impedir que vidas sigam. E é por isso a minha tristeza, por ter a consciência plena de que, se há alguém no mundo que incentiva as pessoas a seguirem, esse alguém sou eu. (E ele jamais negou isso.)

domingo, 25 de outubro de 2009

sábado, 24 de outubro de 2009

Estou criando aversão. Isso é ruim.
Eu preciso, urgentemente, criar para mim uma última lembrança sua.
Uma que não me faça pensar que nada daquilo valeu, porque eu sei que valeu.
Mas, do jeito que vai, começo a pensar que, para você, não valeu. E sinto seu alívio cada vez mais cruel, porque o tempo é o tempo, ninguém apaga nem engana. Se não apaga, eu merecia mais de você. Se não engana, prepare-se para o que há de vir.
As palavras só existem porque há necessidade de existirem. Quando não há mais razão para tal, começamos a guardá-las em gavetas com rótulo de "obsoletas".

No entanto, consideração é algo sempre em voga e colocá-la em prática não é deixar de lado o bom senso. Ao contrário, é utilizá-lo.

Não faça de um "Tudo bom?" um ato de caridade, porque não é. É educação e, neste caso, passa como uma secante no campo semântico de "consideração".

E, por favor, não espere mais de ano para enviar um e-mail, como já fez a outra.
Não espere ocupar seu vazio com outro alguém para lembrar que, um dia, feriu outra.
Não espere.

E não espere, também, que as estrelas que pretende ver pelas suas próximas janelas sejam sempre as do grande mundo, porque, meu bem, "tudo que sobe desce" e as suas estrelas serão de um interior ainda mais distante, no tempo e no espaço.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Solidão...
Que poeira leve
(...)
Na vida, quem perde o telhado,
Em troca, recebe as estrelas
(Tom Zé)

Hoje, dei-me conta de que as estrelas do Brasil são muito mais bonitas que as estrelas do mundo. Afinal, as estrelas do mundo não são, assim como o Tejo, as estrelas do meu Brasil.

Belo Horizonte, de repente você é a porta que me abriram ao fecharem uma janela. Ainda mais hoje, 22, quando seriam 5 anos e 4 meses e tenho a lembrança de terem sido esquecidos por muito menos e por dinheiro.

E, amorzin, prepare-se para me receber, porque eu estou total disposta a aquecer o seu cantinho.
Sua companhia sempre ideal vai ser o pulo do gato! :)

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Ela voara de peito ansioso para o reencontro. Mal sabia que o porvir era ainda mais imprevisto, não expectável. Mas foi. E foi pensando e pesando os doces e os amargos que a fizeram estar ali.

- Boa noite, senhora! Em que posso ajudar? ... Sim, sim. Eu mesma fiz a sua reserva.

Reservas. Nada pior que reencontros com reservas. Mãos nos bolsos, olhar pesado, coração duvidoso. Evitando o olhar e sem qualquer outro contato, ele estendeu o braço na direção do corredor. Ao abrir a porta, a oferta de um frio e distante sofá que, em outros tempos, teria sido testemunha do que só a eles era reservado.

- Tanto faz. - disse ele.

Lado a lado, finalmente, cabeça recostada ao ombro que ainda era dela, ela abre:

- Estou triste.

Com o corpo reclinado para frente, cotovelos nas coxas e mãos entrelaçadas, ele suspira e, sem tocá-la, concorda balançando a cabeça.
Ela se afastou. Não sentia ali o conforto do ombro que tantas vezes se lhe oferecia em sinal de cumplicidade.

Pensando tudo ser mal-entendido, pediu uma única explicação:

- O que eu deveria ter entendido?
- Não sei. Não sei o que quis dizer com isso.

Não eram mal-entendidos. As pistas lhe eram apresentadas desde a partida, mas ele se enganava e tentava enganá-la fazendo os sentimentos parecerem sem motivos.

Não havia mais chance. (?)
Mas ainda havia amor.
Então, mesmo os menos românticos saberiam: se há amor, há chance.

E nisso ele a fez acreditar até a manhã seguinte, expondo suas inseguranças sobre a distante vida a dois, mas sempre ratificando a existência (até então, inquestionável) de amor.

Ainda havia amor e, enquanto houvesse, ela esperaria por ele.

Mas o amor só durou até a manhã seguinte.

E hoje ela só quer acreditar que essa percepção do fim tenha sido por ele ter sentido que era pouco digno da espera que ela lhe oferecia.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Não lembrava que o lugar-comum, mesmo cansado, é o que me fazia sorrir.
Relendo meus antigos blogs, torno a descobrir que bom é ser como os animais, que não ficam insones, à noite, chorando suas faltas.

domingo, 18 de outubro de 2009

Inintitulável. Se existe essa palavra, nem sei, mas é com ela que inicio esta postagem.

Ontem poderia ter sido catártico. Por pouco! "E pouco eu não quero mais" (foto). Pois é.

A cada música, versos se destacavam como era de se esperar. Por um momento, pensei o quanto é ruim escrever sobre desilusões, mas o quanto é bom ouvi-las de quem bem as descreve. A identificação é o que faz de um show um show. Assim foi o de Maria Rita, ontem, no Cabanga: sambas para curar abandonos.

Do cara valente
Foi escolher o malmequer
Entre o amor de uma mulher
E as certezas do caminho
Tudo porque desaprendeu a dividir.

Das injustiças na trajetória
Não há no mundo lei que possa condenar
alguém que a um outro alguém deixou de amar
Não há.

Do perdão
Preliminar com cafuné
Pra deixar teu dia mais gostoso
A minha melhor oferta.

Da falta de esperança

Não há por que chorar
Por um amor que já morreu
Deixa pra lá
Eu vou, adeus
Meu coração já se cansou de falsidade...
Todos pediram por essa, mas faltou. No entanto, é como disse Drummond, "ela está cá dentro, inquieta, viva."

Paciência!

sábado, 17 de outubro de 2009

Quando o cansaço é físico, dormir à tarde é revigorante.
Mas parece que, quanto menos a gente precisa pensar, mais a gente sonha. E tem mais: sonha com o real e, ao abrir os olhos, haja parede de quarto para cair em si.

Tudo isso por uma nova janela de consideração que nem existe.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

As palavras ferem como poucos. Escolhas equivocadas plantam dúvidas e culminam em verdadeiros infernos espirituais.
Somado a isso, lembro-me de Schopenhauer, quando, sabiamente, avisou que "O encanto da distância nos mostra paraísos, os quais somem como ilusões de óptica quando nos permitimos ser por eles ludibriados." É triste enganar-se por alguém que se enganou.
Reitero: é triste e o é porque os arredores só vendem terrenos no céu e, à altura disso, nada tenho a oferecer. Exceto eu mesma, por inteiro.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Ler um livro, ouvir uma música ou assistir a um filme mais de uma vez é sempre positivo, se mantivermos olhos e ouvidos atentos a novas interpretações. Da mesma forma, contar histórias faz com que vejamos fatos sob ópticas diferentes, a cada nova 'contação'. E, como disse ainda hoje, tudo levará bem menos tempo para se dissolver diante do inquebrantável, já construído.
Há alguns anos, cheguei à conclusão de que minha felicidade era movida a grandes amores, mesmo que, no futuro, não fossem grandes ou sequer amores. Mas sempre precisei de que me arrebatassem os sentimentos, que me sufocassem as grandes dúvidas de sentir-se ou não amada.
Era isso. Mais do que ser, era imprescindível a impressão da indispensabilidade, da falta sentida nas ausências.
Hoje, ainda não lhes posso falar do grande amor que tive, pois é doce a lembrança, mas amarga a certeza de não se terem mais impressões.

Se meu pai estivesse aqui, diria que, daqui a 150 anos, nada disso terá valor.
Sei que até em menos tempo.
Bem menos.
 

Copyright 2010 O que tenho de mais meu.

Theme by WordpressCenter.com.
Blogger Template by Beta Templates.