segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Eram 7h da manhã de um sábado nublado.
Sentada à mesa, ela lia as manchetes do dia anterior. O café esfriara e o pão, adormecido, permanecia encostado a um canto do prato.

Ouviu a campainha. Dirigiu-se à porta e pôde avistá-lo pelo olho mágico.
Quanto tempo havia desde seu último contato? Por que a procurava agora?

Amarrou o robe floral de seda e, respirando fundo, girou a chave e a maçaneta. Olharam-se por poucos e infindáveis segundos, até que ele, no olhar, convidou-se para entrar. Embora receosa, apontou-lhe o sofá ao lado do corredor, onde repousavam as almofadas que ele lhe dera em seu último aniversário.

O tempo havia parado ali: os mesmos quadros, os livros e as correspondências que ele deixara para trás. Olhou ao redor e lembrou o que viveram naqueles espaços: entre cafés e fotos, risos e abraços ausentes; a lista das coisas que sonharam juntos, em separado.

Enquanto isso, encostada à janela, ela fitava as nuvens que ainda se podiam distinguir no céu cinzento. Cultivava o silêncio que ele lhe oferecera durante anos de ausência inexplicada; esperava por um gesto, por uma palavra que lhe justificasse o tempo que esperara por eles. Nada.

Então ela se viu sozinha, como sempre esteve, mas respirou toda liberdade que alguém poderia ter. E, de repente, ser livre não mais a assustava.

2 comentários:

Malu disse...

Ouça "Costumes" de Roberto Carlos. Tudo a ver.
http://www.youtube.com/watch?v=fgtD2gFYaEY

malupadilha@gmail.com

Bruno Costa disse...

Preciso me acostumar também... :T E olhe que eu talvez nem sofra o tanto que ela já sofreu.

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