Você me prometeu contar, e eu acreditei.
Não por ingenuidade, mas por fome.
Fome de pertencer.
Esperei, conversa após conversa, o instante em que tua palavra tomaria corpo e, quem sabe, me abraçaria.
Mas teu silêncio nunca se rendeu à confissão.
Implacável, o tempo atravessou tua promessa como quem cruza ruas desertas.
Estive lá, observando, ouvindo o tique-taque mastigar a esperança.
Percebi, então, que teu silêncio nunca foi esquecimento, mas escolha.
Uma escolha tão firme que tudo ao redor aprendeu a calar contigo.
Eu, inclusive.
E a dor não se dispôs à hesitação.
Desta vez, todavia, não lhe darei morada, porque já não espero mais.
Não é desistência, por favor, me entenda.
É só um tipo novo de paz, daquele que nasce quando as esperas morrem, sabe?
E, antes que eu esqueça, anteontem abri o dicionário e me dei conta de uma coisa.
Há nomes de mais — e bonitos demais — para nomear o abismo que se impõe entre estas duas almas, quando elas se negam à cumplicidade.
Amor me pareceu um deles.
Você não acha?

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