terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Faço de conta que sou rasa.
Assim, ninguém mergulha em mim de cabeça e não me quebra mais os azulejos.

Cansei de amores paraplégicos.
Na vida, não mais trampolim.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

E, no fim das contas, Ela não estava mesmo louca.
O que viu era verdade. A mais pura verdade, a traição escancarada.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Toda essa sacanagem me fez acreditar que ninguém é diferente. Até porque, caso a caso, "todo mundo é diferente" e acaba sendo igual.

Será que eu serei muito egoísta se não quiser pagar pra ver de novo?

:(

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Linguageiro, meu novo blog

Este não morrerá, mas a frequência das postagens tem sido cada vez menor. Mudei o foco, mas, sempre que tiver algo para dizer por aqui, direi.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Então ele começou a falar. Com disciplina, ela tentava entender o que ele lhe dizia. Não conseguiu. As sílabas pareciam cortadas. As palavras não existiam e, enfim, ela percebeu que nada mais fazia sentido.

Ela sorriu.
Calçou os chinelos, reamarrou o robe floral de seda.
Levantou-se, saiu da casa e daquela vida que talvez nunca tivesse sido dela. Fechou a porta e, clichemente, foi ser feliz.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Tudo estava igual, mas agora o ar se cortava com faca. Ele sabia o mal que fizera a ela, mas não imaginava que o tempo, embora um só, fazia-se lento para aqueles cujo mais grave e único delito fora amar demais.

Quis manifestar-se, mas a vergonha de sua mesquinhez o manteve silente a observar o tempo que esquecera de passar por ali. Pensou em dizer a ela toda a verdade, a confusão que lhe tomou o peito e fê-lo agir sem respeito com alguém a quem um dia dirigiu palavras de amor questionavelmente verdadeiro. Fraco, não pôde; não quis; não soube.

Mas agora ela estava ali, olhando para ele, esperando qualquer palavra que nem ela, nem ele sabiam.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Sentou-se em frente a ele, encarando-lhe o olhar baixo de quem em bolsos escondia as mãos. Ponderou. Levantou-se mais uma vez e flutuou em direção ao café que esfriara sobre a mesa. Deu um gole, talvez o mais amargo desde a partida dele. Voltou a encará-lo.

Quis lhe bater, macular os traços que ainda restavam daquele a quem um dia se entregou. Não havia por quê. O amante sucumbira entre os lençóis; o amado, no desbotamento natural das lembranças que, naquela cidade fria, ele deixou para trás.

Em pensamento, atirou a xícara contra a parede branca, mas deixou por isso, porque depois estaria mais uma vez sozinha a juntar cacos, remontando metaforicamente o que vinha sendo a sua vida desde o dia em fora amputada da história que ajudou a construir.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Eram 7h da manhã de um sábado nublado.
Sentada à mesa, ela lia as manchetes do dia anterior. O café esfriara e o pão, adormecido, permanecia encostado a um canto do prato.

Ouviu a campainha. Dirigiu-se à porta e pôde avistá-lo pelo olho mágico.
Quanto tempo havia desde seu último contato? Por que a procurava agora?

Amarrou o robe floral de seda e, respirando fundo, girou a chave e a maçaneta. Olharam-se por poucos e infindáveis segundos, até que ele, no olhar, convidou-se para entrar. Embora receosa, apontou-lhe o sofá ao lado do corredor, onde repousavam as almofadas que ele lhe dera em seu último aniversário.

O tempo havia parado ali: os mesmos quadros, os livros e as correspondências que ele deixara para trás. Olhou ao redor e lembrou o que viveram naqueles espaços: entre cafés e fotos, risos e abraços ausentes; a lista das coisas que sonharam juntos, em separado.

Enquanto isso, encostada à janela, ela fitava as nuvens que ainda se podiam distinguir no céu cinzento. Cultivava o silêncio que ele lhe oferecera durante anos de ausência inexplicada; esperava por um gesto, por uma palavra que lhe justificasse o tempo que esperara por eles. Nada.

Então ela se viu sozinha, como sempre esteve, mas respirou toda liberdade que alguém poderia ter. E, de repente, ser livre não mais a assustava.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Quando chegou o momento de conhecerem-na como só Ele sabia, Ela se permitiu sorrir. Ingenuamente, sem saber que a distância entre aqueles corpos era intransponível, o Outro lhe perguntou: "De que sorris?"
Não soube nem lhe pôde explicar, mas quase morreu de saudade, real e pleonasticamente, porque seus sorrisos eram cuidadosamente construídos por eles dois. Ele os entendia bem e ficava feliz em vê-los. Da mesma forma, Ela era feliz em ouvir todos os Seus sons.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Não adiantava mais tentar. Seu coração ardia como pés em fim de baile.
Endurecida na esperança de um amor que não lhe era mais oferecido, quis reencontrar, perguntar "Como vai?", ser dele em sua mais sincera e delicada plenitude. Não pôde.

Precisava se apaixonar, nem que fosse por ela mesma.
 

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